28.4.06

ética


a federação inglesa de futebol, a tal que tanto castiga josé mourinho por conduta anti-desportiva e outras que tais, decidiu oferecer um contrato a scolari antes do mundial. portugal ganhou a inglaterra no euro 2004. para bom entendedor...

novidade

o bode expiatório completa hoje dois meses. os comentários estavam vedados só a utilizadores registados. a partir de agora qualquer pessoa pode escrever.

27.4.06

o sono da liberdade

passei a tarde do dia 25 de abril a cuidar da mesa que tenho no terraço lá de casa. decapei-a com palha de aço e com um recuperador, depois untei-a com óleo de teca. tudo comprado no aki, que tem muita coisa para amadores como eu, apesar dos empregados serem antipáticos. antes, tinha podado uma planta trepadeira que morreu no inverno, com vãs esperanças de a fazer renascer.
a alternativa seria ver na televisão como os políticos conseguem fazer deste um dia mais chato que o 5 de Outubro ou o 1.º de dezembro. ainda passei pela sala para ver uma senhora dos verdes falar durante um quarto de hora de qualquer coisa de que já não me lembro. preferi tentar ressuscitar a planta.
ainda dirigi a atenção para o nosso presidente, que falava de como seria bom que os partidos se entendessem para ajudar os pobres. disse-o com ar de quem estava a falar a sério, e até foi muito elogiado (por todos os quadrantes como é costume dizer-se). optei pela palha de aço.
pelo meio sorri com a imagem do mário soares e esposa a dormirem a sono solto, como se não o fizessem há muito. fiquei com a ideia de que retratam o estado dos portugueses, 32 anos após os cravos: adormecidos por uma democracia parlamentar soporífera e sem ânimo para abrir os olhos.
luis nunes

o convidado

porque hoje é quinta, vem cá alguém que é das pessoas mais ponderadas que até hoje conheci. uma ponderação que deriva da inteligência invulgar e de um sentido de humor que faz falta. hoje vai aqui escrever o luís nunes, jornalista, editor executivo do tal e qual. é com especial alegria que o cá tenho na véspera do bode completar dois meses de vida.

26.4.06

cavaco

o presidente da república recebeu esta quarta-feira a ugt. sabe o que aqui se disse no dia 20? veja aqui.

major

valentim loureiro vai pedir indemnização ao estado. não posso estar mais de acordo. arquivar um provesso por falta de provas depois de ter até impedido o major de exercer funções na metro do porto durante alguns meses, deve fazer pensar muita gente. assusta este portugal que condena antes de provar.

irrealidade

assusta a forma pouco responsável como os sindicatos da função pública continuam a marcar manifestações e greves. a minha opinião sobre quem o promove balança entre a irresponsabilidade e o autismo.

24.4.06

tanto porto!

não foi apenas uma vitória. não foi uma vitória qualquer. o porto está nove pontos à frente do segundo e foi campeão com uma equipa carregada de jovens. o porto interpreta a vocação do futebol português: formar jogadores, discipliná-los como equipa e potenciar o seu valor de mercado. o futebol português será sempre vendedor de talentos. o presidente do fcp voltou a dar lições e a sad prepara-se para mais um defeso carregado de milhões.

21.4.06

tribunal


o juízo que fazemos de nós mesmos. o permanente choque com a imperfeição. o erro pode bem ser o tal ensaio do acerto, mas a repetição do caminho atira-nos ao tribunal. o mar é o destino do olhar dos imperfeitos.

conselheiro

há uma semana o expresso dizia que o presidente da república aproveitaria o discurso do 25 de abril para puxar as orelhas aos deputados. dois dias depois marcelo rebelo de sousa, conselheiro de estado, dizia duvidar que tal acontecesse. uma no cravo...

20.4.06

corredores da justiça

quando recusam explicar a justiça que aplicam "em nome do povo", [é bom não esquecer este pormenor], os magistrados colocam-se a jeito para serem criticados. o discurso do relacionamento mais aberto com a comunicação social e, por via dela, com o público em geral é, salvo raras excepções, apenas isso: um discurso.
podia dar muitos exemplos, recolhidos em escassa meia dúzia de anos de jornalismo, mas, assim de repente, ocorrem-me apenas estes: no contacto com um tribunal, no âmbito de um processo mediático, pedia ao juiz que divulgasse, em comunicado, as medidas de coacção aplicadas a um arguido. "o senhor doutor juiz não autoriza a divulgação", informou a funcionária. argumentei que não pedia um relatório dos factos imputados ao arguido, mas apenas a medida de coacção que lhe havia sido aplicada.
sensibilizada para a argumentação, a funcionária insistiu com o juiz. regressou desanimada. "não vale a pena. o senhor juiz não autoriza. e manda dizer que os senhores jornalistas acabam por saber de qualquer maneira". "de qualquer maneira", entenda-se, através de fontes anónimas…. palavras para quê?!
num outro caso, pedi ao funcionário que me dissesse o nome do magistrado do ministério público encarregue de um processo, ao que aquele me respondeu: "o senhor procurador não autoriza que se divulgue o nome"!
mais recentemente, o acórdão do supremo tribunal de justiça, sobre os maus tratos a menores deficientes, divulgado pelo público, veio "enriquecer" a minha já vasta galeria de dificuldades de relacionamento com o poder judicial.
pedi a um dos visados, porque a notícia estava a indignar o país, que explicasse a decisão, mas aquele informou-me, por interposta pessoa, que não estava disponível.
não acho que os juízes tenham de vir à praça pública explicar todas as decisões que tomam. mas, de vez em quando, bem podiam descer do pedestal. ou então, podiam delegar a tarefa num colega, no presidente do tribunal a que pertencem, no conselho superior da magistratura, em alguém que não se esconda atrás do "dever de reserva".
li o acórdão da polémica e a fundamentação que levou o colectivo a condenar a
funcionária de um centro de acolhimento para deficientes, num caso de maus tratos a menor (o mais grave) e a ilibá-la noutras três situações. entenderam os magistrados que o "bom pai de família", perante estes três casos, podia ter agido da mesma maneira. concorde-se, ou não, com os fundamentos, o tema é sério.
muitos comentadores (e outros tantos jornalistas) discutiram um acórdão que não leram. mais uma vez: quem não conhecia dispôs-se logo a comentar, na televisão, na rádio e nos jornais. e quem podia ter sido uma mais valia no debate fez-se de morto.
cláudia rosenbusch

agenda presidencial


depois de um presidente entre as crianças no hospital, um presidente entre os militares em missão na bósnia. será que vão seguir-se os parceiros sociais?

convidada

a propósito deste texto do convidado da semana passada, hoje vem cá a cláudia rosenbusch falar do assunto. a cláudia é daquelas jornalistas que deviam apostar mais nos textos de opinião. quem tanto trabalha com a justiça há-de ter muito para contar. o facto de ter aceite o meu convite é um orgulho para o bode. é já a seguir.

prognóstico

o governo vai fazer crescer a bola de neve. em 2009 o marketing político coloca-lhe dois olhinhos e um chapéu bonito. dá-lhe um sorriso vincado e aí estará a mascote socialista para as legislativas. que lindo é o nosso país, feito em gigante mas simpática bola de neve.

19.4.06

morangos com açucar

milhares de pessoas num funeral e só uma pergunta na minha cabeça: aquela gente foi ao funeral de quem? do actor ou do personagem?

16.4.06

brasil


é frequente acontecer-me estar mais onde não estou do que a pisar as pedras do caminho que escolhi. pinto a vida assim. podemos errar, lutar, tentar, falhar, perseguir, rir e chorar. mas tudo isto só faz sentido se o verbo seguinte for o alcançar. e quando se alcança, aí tudo começa. quem olhar para o alcançado como um porto de chegada, viverá a vida inteira amarrado no cais.

15.4.06

asterisco

qualquer semelhança entre o post anterior e o parlamento português é pura coincidência. boa páscoa.

exemplo

o patrão de uma empresa têxtil à beira da falência, na zona do minho, decidiu dar folga aos seus funcionários na quinta-feira à tarde. segunda eles estariam de volta ao trabalho. afinal, era páscoa e há que dar tempo à família dos trabalhadores. ele, o patrão, saiu para as maldivas quarta-feira, bem cedo. na terça-feira, se calhar, já estará de volta.

14.4.06

chove


páscoa. férias. estrada. algarve. diversão. boa parte de portugal planeou juntar estas cinco palavras numa só, insistindo em contrariar os indicadores que nos alertam para a necessidade de alguma poupança. a chuva de abril escreveu direito. impressiona-me a migração nacional que usa o crédito como se fosse vida. a chuva é real. talvez a única realidade nestes dias de festa religiosa.

13.4.06

má tradução

o penitenciário-mor do vaticano surpreendeu-se com os media portugueses. hoje todos deram eco desta notícia. mas afinal, diz o cardeal, tudo não passou de uma má interpretação da sua homilia. antes assim. mas cá fica o reparo: a imprensa portuguesa foi "beber" a informação na agência ecclesia, fonte oficial da igreja católica.

jornalices

o assunto é caro ao bode. crendo ser esta uma boa forma de o expiar.
comecei o dia de ontem a ser questionado, por jornalista amigo, sobre a decisão do supremo tribunal de justiça (stj) não condenar uma senhora por eventuais (não provados) maus tratos a crianças deficientes. “como é possível o stj decidir uma coisa destas”, dizia indignado. não respondi. não conheço (nem ninguém conhece a não ser os próprios) todos os contornos do processo.
acabei o dia a ouvir, na sic notícias, um julgamento sumário, pleno de exclamações e interrogações, à decisão do stj. era gritante a ignorância da dita jornalista sobre o andamento do processo.
esta massificação informativa em torno da justiça, em que todos somos assim uma espécie de “treinadores de bancada” e opinamos sobre o que na maior parte das vezes desconhecemos, tem a grande vantagem de servir de denúncia às propaladas injustiças, aos abusos, às demoras, ao estado decadente de alguns tribunais, à incompetência de alguns magistrados, advogados e funcionários.
mas tem a outra face, mais circense da informação, onde uma impreparada profissional (sê-lo-á?) da informação se arroga no direito de, em dois minutos de peça, colocar em crise uma decisão do stj (proferida por três juizes) que já vinha da relação (mais três intervenientes julgadores) que, por sua vez, já vinha da primeira instância (mais três julgadores).
a justiça televisiva começa a ter os seus gabriel alves e josé eduardos. o problema é tratar-se de um assunto um tudo nada mais sério que as futebolices que nos apaixonam.
nuno magalhães

convidado

porque hoje é quinta, cá terei um convidado. podia ser um irmão mais velho e até é, em boa medida. não receia nenhuma palavra. politicamente divergente (como convém), clubisticamente aliado, como não podia deixar de ser. passeia na justiça por profissão e sempre o conheci a escrever. vem cá hoje o nuno magalhães. aguardem palavras sem medo.

12.4.06

católicos

o cardeal james francis stafford, penitenciário-mor do vaticano, revelou hoje que passar demasiado tempo a ver televisão, a ler jornais, ou a consultar sites na internet, vai ser considerado pecado. cá está a igreja católica a aproximar-se cada vez mais da modernidade.

recomendo

de vez em quando alguns deles comentam aqui no bode expiatório. é uma honra porque este espaço nem dois meses de vida tem. eles fazem um blogue que recomendo. é do porto, sente o porto, exibe o porto e orgulha o porto.

a casa


é já dia 15 que a casa da música completa um ano de abertura ao público. aqui fica mais um olhar do fotógrafo mendes pereira, do topo da casa, com o pianista domingos antónio.

divisão

depois de espanha ter dado curta vitória a zapatero, em circunstâncias muito especiais, blair também ganhou no reino unido, mas com uma bem mais reduzida margem do que na eleição anterior. seguiu-se o caso alemão, com merkel a derrotar schroeder por poucos votos. agora foram os italianos a demonstrar que os europeus andam cada vez mais hesitantes sobre os políticos a quem entregam a gestão dos seus países.

11.4.06

remodelação

ao fim de um ano, marques mendes prepara (a reboque das directas) uma remodelação na sua equipa. sócrates, tirando o percalço das finanças, mantém os ministros. sinais.

pequim

publicidade

na sic noticias discute-se a publicidade a bebidas alcoólicas. o que eu gostava era de ver alguém a ter coragem para criticar a vergonhosa publicidade que a santa casa da misericórdia promove ao jogo no euromilhões.

10.4.06

joke

priest is very fond of his rooster & hens. his rooster goes missing. next day in church he asks everybody: has anybody got a cock? all the men stood up. no, i mean: has anybody seen a cock? all the women stood up. no, i mean: has anybody seen a cock that does't belong to them? half the women stood up. no, he says angrily: has anybody seen my cock??... all the choir boys stood up.

pensar


filipinas: uma criança sentada sobre linha desactivada. ou será o contrário?

abril

proibir. restringir. moderar. impedir. multar. é impossível passar uma semana sem ver estes verbos na imprensa. e ainda há quem grite abril.

9.4.06

longa vida

o psd é, por estes dias, um partido baralhado. havia muita oposição mas ninguém vai a votos contra mendes. este tinha muito a criticar sócrates mas a melodia acaba sepre no mesmo tom contra a propaganda socialista. com cavaco a falar em privado e sócrates cada vez mais ao centro, salva-se a estabilidade.

treta

é comum ouvir dizer que do longe se faz perto. se assim fosse teriamos sempre ao nosso lodo aqueles que mais queremos. será egoísmo?

3 pontos 3 imagens



8.4.06

hoje

quem vem e atravessa o rio, junto à serra do pilar, vê um velho casario, que se estende até ao mar.

7.4.06

quase noite



mais uma do mendes pereira.

vip

tinha deixado cair a ideia de escrever um livro com o seguinte título: "o camarote vip". retrataria as vaidades de quem se senta onde no mundo do futebol. mas assim de repente está a apetecer-me escrever a farsa. até para separar os bons e os maus e sentá-los todos nos seus devidos lugares.

orgulho

o sentimento mais difícil de falsear. há o sabor da distância e pode até soar o sino bem no alto, que cada palavra que não diga a escuto como se fosse o segredo mais próximo. contraditório? não. apenas a certeza de que viver é afinal um caminho simples. o ser humano insiste em colocar pedras no seu próprio caminho. dispensáveis? não. sem elas não havaria livros, nem filmes, nem histórias. e sem nada disto, a nossa existência deixaria de fazer sentido. o orgulho não se exibe nem se adivinha. sente-se.

6.4.06

é a cultura, estúpido!


governo e comendador chegaram a acordo. um acordo bom para o comendador. menos bom para o estado, que passa a pagar as contas de conservação da colecção e gasta nessa tarefa meio milhão de euros por ano. mas a dita colecção não é doada ao país. daqui a dez anos vamos ter o mesmo filme entre o comendador joe berardo e o governo, seja ele quem for. o ccb passa a ser a casa de abrigo da colecção. ou seja, a colecção ocupa o ccb sem se saber se, depois da "mudança", outras exposições poderão ter espaço em belém. o estado alugou a colecção, paga as contas e, em troca, o comendador recebeu o centro cultural de belém para usufruto exclusivo. bom negócio? para quem?
p.s: emprestada à condição e com o coração dividido em dois, as passagens pelo norte, mesmo em trabalho, são sempre o regresso a onde sou feliz. o tiago, companheiro de jornalada, e amigo do porto dos quatro costados, é que me honra a mim com o convite.
judite frança

convidada

pois o bode abre hoje espaço à opinião feminina. convidei a judite frança a fazer estragos. a judite é uma amiga do norte que o jornalismo emprestou a lisboa à condição. trata a política por tu e tem o faro da notícia sempre apurado. a estreia nas convidadas é uma honra para mim. não tarda ela estará por aqui.

beatles

entrar no studio 2 de abbey road é visitar a história. está lá tudo, incluindo o cheiro e o pó. o piano de lennon incluido. entre os sorrisos que por lá vivi, houve uns segundos de silêncio em que me senti privilegiado. aquela sensação não dá para descrever, nem sequer para fotografar. é como um passo na história e tem algo de sagrado à mistura.

5.4.06

london

after a few days in london, here i am, back home. i'll come back here to tell you some things.