regionalizar? (cont.)
a minha oposição à regionalização não deriva de doentia obsessão com esta matéria. assenta antes na convicção plena de que regionalizar portugal é cometer um erro histórico irreversível de efeitos devastadores.
as regiões administrativas são entidades do estado com personalidade jurídica distinta e com competências próprias, que se encontram hoje na área de competência da administração central e da local.
e penso que o caminho que está a ser seguido de confundir desconcentração, que em boa hora é assumida, com regionalização, mais não é do que manifestação do temor de assumir um discurso regionalista, depois da reprovação clara dos portugueses em 1998.
em 1998, os portugueses foram claros quando consultados; regionalizar o país é partir o que deve estar unido: pela dimensão geográfica, pela tradição histórica, pela indispensável racionalidade na utilização dos meios, portugal não deve enveredar pela loucura da divisão. e não deve só porque é uma má solução para colmatar lacunas no processo de aproximação entre decisor e eleitor. não deve, acima de tudo, porque o povo português já disse categoricamente, em referendo, que não quer aquele modelo e porque há uma alternativa exequível, com as suas bases já lançadas e mais próxima das nossas características demográficas e da nossa cultura.
miguel relvas
1 Comments:
O problema está em que, a troco de jogo de palavras (regionalizar, desconcentrar, descentralizar) o país se vai dividindo cada vez mais, fracturado entre litoral e interior, entre Lisboa/Porto e o resto.
A questão é que não "dividir" o país está a custar que ele se divida cada vez mais.
E há só um tipo de gente que ainda não o viu: a classe política lisboeta, que se entretém em exercícios semânticos para combater a, mais do que necessária, a vital desconcentração do país.
O problema já não é discutir se se regionaliza ou não. É se somos, de facto, um país ou apenas duas regiões metropolitanas.
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