qual choque?
ele há dois tipos de choque: aqueles que levamos quando enfiamos os dedos na tomada eléctrica e os que apanhamos quando saímos do carro com sapatos de sola de borracha. ora é precisamente neste segundo tipo de choques que me parece mais adequado incluir o “choque tecnológico” prometido pelo governo.
a tremideira à flor da pele não podia, na realidade, ser mais superficial – quando analisamos as medidas que formam o plano tecnológico, no site que o governo criou especificamente para o efeito, vemos coisas fantásticas: a primeira medida da lista consiste nos “acordos de cooperação com a école supérieure de cuisine française e com a école hôtelière de lausanne”, o que indicia imediatamente que a lista (enorme) que se segue só inclui medidas de grande interesse para o país. depois aparecem coisas como “criar uma ‘via verde' para a inovação nas decisões públicas”, que a minhas limitações em termos de conhecimento tecnológicos não me permitem ver o que possa ser, ou o “desenvolvimento do balcão único do agricultor”, medida que demonstra vistas curtas porque, com as restantes iniciativas, os agricultores rapidamente passarão a usar a internet para todos os contactos com a administração central e parceiros de negócio.
enfim, faz-me lembrar aquela história do galo que pensa que o sol nasce porque ele canta de manhã. parece que há quem pense que o que nos vai tornar noutra finlândia é apenas dizer que existe um plano. não que seja necessário ele existir, de facto. basta acreditar que existe.
américo pinto
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