23.11.07

carta aberta a scolari

caro seleccionador,
não acredito que esteja feliz. sabe porquê? porque o senhor anda desde 2002 a demonstrar aos portugueses que a ambição guia os nossos sucessos. o senhor convenceu-nos, e bem, que podemos ganhar sempre. sim, senhor scolari, às vezes ganha-se, mesmo quando se perde. poderia falar-lhe disto mas não teria espaço.
não acredito que esteja feliz. sabe porquê? porque um treinador que defende um atleta (como o senhor diz) com o vigor e a agressividade a que o mundo assistiu, tem obrigação de proceder de igual modo na busca do golo, das vitórias e do bom futebol. assim mesmo, de forma realista e por esta ordem.
não acredito que esteja feliz. sabe porquê? porque na quarta-feira nós não procurámos o golo, não procurámos a vitória e não quisemos jogar bom futebol. na quarta-feira nós quisemos empatar. e empatámos!
mas o senhor não é de empates. nem na forma de falar, nem de agir. o senhor é campeão do mundo, tem uma habilidade singular para unir grupos, sabe comunicar, gera simpatia e usa o temperamento latino como poucos.
por isso, senhor scolari, o senhor quando virou costas aos jornalistas na quarta-feira, não o fez por estar zangado com eles, mas antes consigo próprio. e quanto às motivações desse seu mau-estar e do nervosismo que demonstrou, só o senhor as poderá desvendar.
o senhor não é humilde senhor scolari e essa é capaz de ser a característica sua de que mais gosto. pois bem, os portugueses quando pensam na selecção, também já não são humildes e a culpa disso é sua! ainda bem, digo eu!
um abraço e bom descanso.