27.3.07

perdido

josé sócrates deu recentemente uma entrevista ao semanário “sol”, que depois haveria de ser transformada num longo perfil (laudatório qb. mas isso não vem ao caso). nessa entrevista sócrates diz algo com o que concordo em absoluto: “quando me sento com um ministro e ele não é capaz de me escrever duas ou três prioridades num papel, é sinal que anda perdido”.

sábias palavras mas carregadas de um dito popular antigo: “olha para o que eu digo mas não faças o que eu faço”.

pus-me a pensar o que escreveria sócrates no papel se o presidente da república o decidisse chamar para lhe pedir duas ou três prioridades.

será que o chefe de governo diria que era o combate ao suposto laxismo na educação? ou optaria pelo fim das listas de espera na saúde? talvez optasse pelo combate à morosidade da justiça, ou então pela construção de um novo aeroporto. e daí talvez não. será que a prioridade ia ser o comboio de alta velocidade? ou será o dito choque tecnológico de que todos ouvimos falar?

pensando melhor, josé sócrates escolheria, de certeza, a aposta na contenção do défice orçamental. ou optaria pela reorganização dos serviços desconcentrados da administração central? por mim, acho que o primeiro-ministro se decidiria pelo combate à fraude e à evasão fiscal, mas será que não escolhe antes o combate à pobreza?

não tem fim o número de coisas que o primeiro-ministro já disse que eram “absolutas prioridades”. ou seja, e citando as suas próprias palavras: “anda perdido”.