perdido

josé sócrates deu recentemente uma entrevista ao semanário “sol”, que depois haveria de ser transformada num longo perfil (laudatório qb. mas isso não vem ao caso). nessa entrevista sócrates diz algo com o que concordo em absoluto: “quando me sento com um ministro e ele não é capaz de me escrever duas ou três prioridades num papel, é sinal que anda perdido”.

sábias palavras mas carregadas de um dito popular antigo: “olha para o que eu digo mas não faças o que eu faço”.

pus-me a pensar o que escreveria sócrates no papel se o presidente da república o decidisse chamar para lhe pedir duas ou três prioridades.

será que o chefe de governo diria que era o combate ao suposto laxismo na educação? ou optaria pelo fim das listas de espera na saúde? talvez optasse pelo combate à morosidade da justiça, ou então pela construção de um novo aeroporto. e daí talvez não. será que a prioridade ia ser o comboio de alta velocidade? ou será o dito choque tecnológico de que todos ouvimos falar?

pensando melhor, josé sócrates escolheria, de certeza, a aposta na contenção do défice orçamental. ou optaria pela reorganização dos serviços desconcentrados da administração central? por mim, acho que o primeiro-ministro se decidiria pelo combate à fraude e à evasão fiscal, mas será que não escolhe antes o combate à pobreza?

não tem fim o número de coisas que o primeiro-ministro já disse que eram “absolutas prioridades”. ou seja, e citando as suas próprias palavras: “anda perdido”.

sala quê?

mais de 220 mil portugueses votaram para a classificação do concurso "grandes portugueses". se salazar teve mais de 40 por cento dos votos, significa que há mais de cem mil votantes a entenderem que se trata do maior português de sempre. terá sido isto serviço público de televisão? francamente acredito que sim. devemos habituar-nos a aceitar resultados que nos desagradam, como este me desagrada. talvez seja uma questão cultural, ou de distanciamento, mas na verdade sinto que desde o século XV que não nasce um grande português.

imperdoável

o guarda redes da selecção belga de futebol, que joga frente a portugal no próximo sábado, disse isto: "aos dois minutos de jogo, devemos agir de maneira a que ronaldo saia do campo numa maca".

não percebo duas coisas:

1 - como é possível agora vir dizer que foi mal interpretado. onde é que há lugar a várias interpretações?

2 - como é que a toda poderosa uefa não suspende, de imediato, um jogador profissional que diz isto?

interessante

"amei e continuarei a amar as matemáticas por não admitirem a hipocrisia nem a falta de objectividade".
Stendhal (1783-1842), escritor francês.

venha o diabo...

perante os ecos do conselho nacional do cds/pp, vale a pena reflectir. nem ribeiro e castro nem paulo portas parecem ter ganho o que quer que seja. o primeiro condenará os populares a serem o partido do táxi, mas o segundo não demonstrou ainda que deseja mais que um grupo de excursionistas em mini-bus.

nós, como a lua

água sai cara

a última edição do semanário sol mostra mais um facto grave da governação mediática. afinal, os administradores da águas de portugal, que sócrates despediu para lá colocar os "seus", vão receber chorudas indemnizações. isto apesar do primeiro-ministro ter afirmado, com aquele ar convicto que o caracteriza, que ninguém ia receber nem um cêntimo.

perante isto esperava-se ouvir a oposição. mas nada.

o psd nada diz e está num silêncio caro ao ps, mas sobretudo muito caro para os portugueses. é que um dos demitidos foi azevedo soares, actual vice-presidente do psd, que já recebeu da águas de portugal uma indemnização de 200 mil euros. e assim se compra o silêncio...

a caixa e a opa

armando vara, ex-ministro socialista e administrador da caixa geral de depósitos votou contra a desblindagem de estatutos da pt. perante esta intervenção decidida do banco público (cujos votos nem foram decisivos tal a margem da vitória) pergunto: será que sócrates foi o timoneiro desta manobra de diversão chamada opa, sabendo desde o princípio o resultado final?

ps soma e segue

amanhã no expresso uma sondagem vai mostrar os socialistas confortáveis e a reforçarem a maioria absoluta. o psd desce, a cdu reforça o terceiro lugar e o cds/pp já vai nos 4 por cento.

o primeiro efeito

a sonae decidiu não impugnar as decisões da assembleia geral da pt. a dimensão da derrota obriga a esta decência mínima garantida. a questão é: terá valido a pena perder a face nos últimos dias?

estilhaços

a dimensão da derrota da sonae é surpreendente. sobrará pedra sobre pedra?